sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Stevie Wonder, ontem (29/9), no Rio


Deu para tudo, até para uma versão da Garota de Ipanema (ver link).

Isaltino Morais



GAME OVER?


 
 
«Isaltino Morais foi detido. Pela PSP. Como um criminoso. Uma pessoa lê e não acredita. Criminoso é quem rouba um autorrádio, não é quem rouba o Estado quando ocupa cargos públicos. O Criminoso gasta o dinheiro no dia seguinte, não o põe a render na Suiça.
Sim, é verdade que o processo ainda não acabou. Mas olha-se para a forma como os seus advogados tratam da sua defesa e percebe-se como as coisas funcionam. Todos os recursos são entregues na véspera de cada decisão transitar em julgado. Não há a tentativa de provar a inocência do autarca. Há a tentativa de arrastar, o mais que der, o processo.
Defendo que qualquer acusado deve ter direito a todas as garantias de defesa e a um julgamento justo. Oponho-me a julgamentos sumários. Mas, o sistema jurídico português, com o seu labirinto processual, garante uma justiça rápida para quem não pode pagar um advogado e processos que se arrastam até darem em nada para quem consiga pagar os melhores.
Sim, toda a gente é inocente até prova em contrário. Nunca me cansarei de o dizer. Mas tudo tem um limite. No caso de Isaltino Morais, os truques dos seus advogados, que já vão no Tribunal Constitucional, sempre deixando esgotar todos os prazos até pagarem todas as multas necessárias, não podem deixar as evidências suspensas por mais tempo. Todos conseguimos distinguir quando se está a tentar provar a inocência de alguém ou a tentar adiar uma condenação.
Mas os portugueses não se podem queixar. O que a justiça não faz eles deixaram por fazer. Foram os eleitores, e não as leis, que reelegeram Isaltino depois da sua condenação. E não se tratou de caciquismo ou compra de votos. Oeiras tem os munícipes mais instruídos e com mais poder de compra do País. Os mesmos que se indignarão porque um qualquer pilha-galinhas "é apanhado hoje e amanhã já está cá fora". Não é a justiça que distingue o ladrão rico e o ladrão pobre. São os próprios portugueses. Gostam de ser roubados. Desde que o ladrão, claro, "tenha obra". »

Daniel Oliveira, Expresso online
 
 

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Seguríssimo



Prosseguindo a sua senda de "abertura" do PS, António José Seguro não desiludiu.
É impossível deixar de reparar que quem agora faz parte do Secretariado Nacional são exclusivamente apoiantes da sua candidatura à liderança do partido. E apenas um dos antigos ministros de Sócrates, Alberto Martins, lá tem lugar.
Nomes como os de Jamila Madeira e de João Ribeiro garantem a umbilical ligação à antiga JS.

À parte disto, também se notou que Augusto Santos Silva decidiu abandonar o Parlamento, para regressar, convenientemente, à carreira universitária.

Resta saber o que tem Seguro apontado no seu "caderninho" (celebrizado no debate com Assis) quanto a novas "aberturas". Já se percebeu que, no intrincado léxico de Seguro, estas equivalem - como se esperava - a limpezas.


sábado, 24 de setembro de 2011

Podemos privatizar-te (VIII)?

O salário médio dos trabalhadores da RTP é superior a 40.000€ por ano (ver o link aqui).

Confissões



Na entrevista televisiva desta semana (em que o entrevistador - de tão macio - chegou a meter dó), Passos Coelho confirmou o que já se sabia.
Com a inoportuna e desnecessária confissão de que Portugal poderá necessitar de um segundo resgate, Passos demonstrou que nas Jotas se aprendem muitas coisas para se chegar a líder. Mas nunca se aprende a ser líder.
Salvou-se a parte da Madeira. Mas essa já vinha preparada de casa e, em larga medida, foi também a paga da humilhação a que Jardim o tinha sujeitado no Congresso do confronto com Rangel. Relativamente fácil, portanto.
É que nas Jotas - conceda-se - cedo se aprende que "cá se fazem, cá se pagam". Falta o resto: o essencial.


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Alberto João Jardim: o senhor hipérbole e a coisa pública



Jardim integra o grupo dos políticos, raros, que acredita piamente terem a qualidade, também escassa, de serem providenciais.
Perdido num ego alimentado por mais de três décadas, está condenado à inevitabilidade maldita dos monarcas que se lhe assemelham: não ter sabido sair de cena. Será isso - e é provável que a parca lucidez já não lhe permita ver a evidência - que, fatalmente, lhe roubará o que o motiva (depois do desgosto de nunca ter conseguido desembarcar triunfantemente no Terreiro do Paço): um lugar repousante na História.

Rei da "sua" ilha (como não se coíbe de lhe chamar), Jardim tornou-se, com o passar dos anos, um prisioneiro dela.
Amargurado, rezingão. Cercado.

Creio que nunca terá pretendido lucrar pessoalmente, no sentido venial, dos tentáculos do seu poder. Por uma razão elementar: não é esse o móbil de um homem com o seu fascínio por, pura e simplesmente, mandar.
É possível que aqui e ali, na teia de favorecimentos que indubitavelmene estabeleceu (sempre para solidificar a sua força), tenha saboreado, porventura amargamente, o privilégio dos dinheiros alheios.
Mas o que realmente interessa é a irrelevância disso mesmo e o absurdo do portuguesíssimo raciocínio para justificar os desmandos dos tiranos: ao menos - costumam dizer - "não encheu os bolsos".
Não sei. Acredito que não. Mas também pouco interessa, perante o despudor das últimas revelações.

O que é dramático no que agora se soube da Madeira e na forma como Alberto João reagiu é a gravidade do descaramento que é tão característico da nossa cultura política. A assunção, sem vergonhas, de que Jardim, cego pelo festim de pequenos domínios forjados na ilha a que acabou acorrentado, já perdera o norte a ponto de a coisa pública não mais interessar.
Sim, porque do que se tratou foi tão-somente disso mesmo: na vertigem dos desmandos e no cúmulo da hipérbole a que se habituou a ter direito, Alberto João transformou, inebriado, a coisa pública em coisa sua. Tout court.

Para isso, não há desculpa.
Não há obra - pior ou melhor, discutível ou não - que valha.
O fim (que já não está longe) vai ser amargo. E tão cruel - é sempre - como a solidão do ilhéu.



sábado, 17 de setembro de 2011

Relatório UBS



Neste link está um relatório do banco UBS que pretende prever as consequências de uma possível desintegração da zona euro.

Economia de guerra outra vez.


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Krugman

O artigo - neste link - não é recente, mas o homem, de facto, é o que mais tem acertado quanto ao que se passa.

Paul Krugman vale a pena. E muito.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Música do outro mundo

O tema - "Same Old Story" - é do álbum "journey through the secret life of plants", o disco menos conhecido de Stevie Wonder, gravado para servir de banda sonora ao documentário "Secret life of plants", no final da década de 70.



Pura magia, requinte e genialidade.

Cego, Stevie Wonder compôs uma das melhores bandas sonoras de sempre para um filme que nunca pôde ver.
Não tenho mais palavras para descrever quão fabuloso é o disco. Mas é para isso, precisamente, que a música serve.

 

Economia de guerra (III): Mayday! Mayday!


(registo real de comunicações durante uma emboscada na guerra do Vietname)


 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Numa bandeja?



As acções do BCP caíram abaixo dos 20 cêntimos.
É melhor não comentar. A bem da nação.

Do congresso do PS

Já sabíamos que a "abertura" era uma das divisas de Seguro. E sabemos o que significa: trata-se de "abertura" aos militantes e às militantes.
No congresso, a única novidade resultou de um acrescento: "humildade".
O que quererá isto dizer?

PS - Abstenho-me de comentar o momento grotesco em que Seguro foi fazer uma visitinha aos jornalistas que faziam a cobertura televisiva do congresso, para incómodo patente (e justificável) de António Costa. Há fenómenos que transcendem o âmbito dos adjectivos.



Puro ódio

No Sábado, à entrada para o congresso do PS, um jornalista provocou Manuel Alegre, perguntando-lhe: "Gostou de ver Mário Soares ontem no congresso"?
Alegre disparou de imediato:
"Gostei mais de o ver aqui do que na universidade de Verão do PSD".

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Eduardo Barroso no "Prolongamento" da TVI24

Os intermináveis programas televisivos em que se discute afincadamente sobre bola inundam os nossos canais televisivos: que me lembre, muito rapidamente, há o "dia seguinte" na SICN, o "trio de ataque" na RTPN, o "prolongamento" na TVI24, o "mais futebol" na TVI, o "tempo extra" na SICN (este em versão de monólogo, de Rui Santos) e, certamente, haverá mais alguns.
Só à conta dos que citei, contabilizo aproximadamente 7 horas de emissão semanal.

Algum problema? Nenhum. São horas a fio, que só vê quem quer, em que se discute sempre a mesma coisa, com os mesmos argumentos.
Há programas em que os próprios comentadores confessam que não viram os jogos que servem de tema ao programa da semana. Mas discutem na mesma. Os lances, os árbitros, o sistema, a personalidade de quem manda nos clubes, os treinadores, as transferências. Tudo ao mais ínfimo pormenor, num estilo politicamente correcto doentio (do estilo: "esperemos que esta semana todos os clubes portugueses façam bons resultados na UEFA", "é importante que o Sporting recupere desta fase para a saúde do futebol português", etc.).

Não tenho rigorosamente nada a opor a este formato televisivo. Sempre que posso, vejo. Relaxa-me imenso, à excepção dos momentos em que as discussões pretendem ter uma dignidade a que não podem almejar: é insuportável, por exemplo, quando se gastam largos minutos a discutir o regime jurídico das Federações, ou os efeitos da "Lei Bosman" (que não é uma lei). Não é para isso que estes programas servem: servem, isso sim, para discutir "bola". Ponto final, parágrafo.

Ultimamente, o marasmo tem invadido estes espaços.
Rui Santos é insuportável. Na vaidade, no pretensiosismo. Na banalidade da análise, mesmo tratando dos assuntos que trata. Em suma: uma prosápia inaudível, de gosto mais do que duvidoso.
No "Trio de Ataque", só me divertem os dislates de António Pedro Vasconcelos e a chacina a que se presta por banda de Miguel Guedes, que invariavelmente o trucida. Mas é um espectáculo demasiado cruel para entreter. Quanto a Rui Oliveira e Costa, só me deleitam os constantes pontapés no português que julga que fala bem: já disse inúmeras vezes "façamos aqui um supônhamos" e repete incessantemente "Percebestes? Compreendestes?". A seguir, com ar pomposo, goza com Jesus porque este "não sabe comunicar". Enfim, para um sindicalista com tiques de visconde, não está mal.
No "Dia Seguinte", já só tem piada o frenesim entre Rui Gomes da Silva e Guilherme Aguiar quando o Benfica ameaça o FCP e Guilherme Aguiar se enerva. Como o Benfica tem ganho pouco (ou nada), pouco de interessante tem havido para ver. Sobra Dias Ferreira, o "grande homem", que tem perdido toda a piada e interesse desde que vestiu uma pele mais pacífica e institucional: efeitos da postura "presidenciável" que assumiu desde a última corrida à liderança do SCP.

Já no "Prolongamento" da TVI24 há Seara, Eduardo Barroso e Manuel Serrão (que substituiu, há uns tempos, o malogrado Pôncio Monteiro).
Seara está igual a si próprio: esperto, sabe que interessa dizer o mínimo, não hostilizar os outros e esperar que o ar de avôzinho simpático lhe continue a render o mediatismo acumulado ao longo de todos estes anos. Seara sabe que "é quem é" à custa destes formatos televisivos. Não está lá, por isso, por causa do Benfica. Está lá, única e simplesmente, por causa dele próprio. O que é um tédio, para quem está a ver (até porque a personagem tem zero de aliciante e menos ainda de estimulante).
A dinâmica do programa é, assim, assegurada pela tensão constante entre Eduardo Barroso e Manuel Serrão.
Sobre o último, interessa dizer que dá gozo vê-lo porque discute bola em televisão como se dicute bola no café. Boçalmente, às vezes com piada, num estilo jocoso, sempre à procura de amesquinhar o adversário. Não tem teorias pretensiosas, é o adepto puro. É isto que se quer, apesar do personagem ser incomodativo. Especialmente, para quem é do Benfica, como eu.


O antagonista de Serrão é Eduardo Barroso.
Barroso é fabuloso e é dele que me apetece falar.
Barroso berra com Serão e diz-lhe, autoritariamente, que o interrompe "quando quiser".
Barroso faz notar a Serrão que troca os "v"'s pelos "b"'s.
Barroso é sincero e emotivo. Enfurece-se e exalta-se. Mas também se comove e pede desculpa. É uma personalidade completa, feita, pois, da inerente complexidade.

Os tiques autoritários e de arrogância vai buscá-los a uma vaidade - que não esconde, mas daí não vem mal ao mundo - de ser um dos melhores médicos da Europa. Por isso manda calar Serrão, quando perde a cabeça, e berra descontroladamente com Seara, quando perde as estribeiras. Barroso está-se nas tintas, porque não depende dos programas televisivos sobre bola para nada. Por issso, desfruta-os. No seu melhor: está ali para vibrar, como nas bancadas de Alvalade, pelo "seu" Sporting. E isso diverte. Pela inteligência e pela autenticidade.
 
Eduardo Barroso sabe que percebe pouco de bola. A ele basta-lhe saber que é golo quando a bola entra na baliza e compreender a regra do fora de jogo. Sabe poucos nomes de árbitros (mas chama-lhes todos os nomes), não faz ideia do que uma equipa deve fazer em campo. Mas está-se borrifando, e bem. O que lhe interessa é a glória do seu clube, semana a semana.
Depois, Barroso sabe que sofre de uma malapata cruel: ser do Sporting. E compraz-se com isso, num exercício divinal de comoção passional e inteligência emocional. É por isso que tem insistido na tese de que os árbitros, antes de apitarem o Sporting, deviam consultar um psicanalista, de modo a contrariarem o seu subconsciente, que malevolamente os leva a prejudicarem o Sporting. Barroso diz isto a sorrir (mas convictamente), juntando vários argumentos e exibindo lances que servem de prova à sua teoria. Várias vezes, para estupefacção de Serrão, que se inquieta. É brilhante...sugere-lhes até o especialista, seu colega, a quem deveriam recorrer.
Mas bom, bom, é o desprezo que o próprio Barroso já não esconde pelo formato do programa: o que ele quer é divertir-se e, com isso, diverte-me imenso. Um exemplo? O do último programa: "Eduardo, o que achou do jogo da selecção nacional contra Chipre?". Resposta, com ar matreiro e um sorriso genuíno: "Uma merda. O jogo foi uma merda". A verdade no seu estado mais puro, dita com as palavras de um adepto. Que não precisa de se dar ares intelectualóides para sobreviver. Que está ali como está na bancada: sabendo pouco ou nada de bola, vibrando pelo seu clube.

Quando tirarem Eduardo Barroso dali (vai haver, aposto, algum iluminado que se indignará com o seu jeito politicamente incorrecto - neste pobre país é sempre assim) acaba o programa. No seu género, é o último que resta.

 

Os rostos da oposição que temos


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Na nave dos loucos

Em mais um inolvidável comentário (que pode ser consultado neste link) trazido à tona pela Politicoesfera do Expresso online, João Lemos Esteves disserta, imparável, sobre a entrevista de ontem, na SIC, de Vítor Gaspar a José Gomes Ferreira (ou "José Ferreira Gomes", como ele lhe chama).

Ainda não vi a entrevista - que só gravei - mas já há dados suficientes para concluir que terá sido boa: João Lemos Esteves diz que se tratou, no melhor dos seus habituais títulos bombásticos, do "princípio do fim de Vítor Gaspar". Conclusão: o ministro deve ter estado soberbo.

Acabado de regressar da Universidade de Verão do PSD, e de jeito lapidar, João Lemos Esteves afirma, sem tergiversaçãoes, que Gaspar "é um desastre comunicacional". E concretiza: "sempre muito vago, muito hesitante, muita conversa".

JLE, mestre da arte de comunicar em política, mostra aqui a Vítor Gaspar o que fazer:


Quanto a comunicar, estamos conversados.

Gostei também do tique Marcelístico de atribuir uma nota à entrevista. Segundo este recém-licenciado, Vítor Gaspar terá merecido um 8 (oito!) na sua prestação televisiva...
Que nota atribuirá JLE às suas prestações?

PS - Parece que estreia hoje uma versão televisiva do Politicoesfera na SIC RADICAL. Ter-se-á apercebido JLE que integra a grelha de FREAKSHOWS do canal?




Que dupla!






Navegando na insanidade total, Seguro escolheu Maria de Belém para presidente do PS (a eleição será uma mera formalidade).

Tudo certinho, tudo direitinho e muito correcto. "As militantes", a "abertura do partido", o discurso completamente vazio e o "laboratório de ideias" a funcionar. O pior do Guterrismo em acção, o que ficou esquecido (e bem) pelo Socratismo em ascensão.
O aniquilamento total da política no PS.

Não há engano: não se trata do esplendor do caos, mas apenas de uma demonstração das potencialidades de expansão do vácuo.


terça-feira, 6 de setembro de 2011

Prémio À rasca

Alberto João Jardim admitiu finalmente que a situação financeira da Madeira é muito grave.
Desta vez, parece que não se trata de mais uma cabala jornalística.



Prémio Deboche Total

A RTPN vai mudar de designação (e logotipo) para RTP INFORMAÇÃO.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Global Spending!

No estudo da Universidade de Cambridge ("Public spending in the 20th century. A global perspective") que se pode consultar neste link, Vito Tanzi e Ludger Schuknecht ofereciam, em 2000, uma belíssima perspectiva (global) do que foi a evolução da despesa pública nos países desenvolvidos ao longo do último século.

O interessante neste estudo é a conclusão de que o ritmo de crescimento (relativo - em função do PIB) da despesa pública não pode ter explicação nas guerras ou no crescimento da população, mas sim, sobretudo, na evolução das perspectivas sobre qual deve ser o papel do governo nas economias estaduais ("changes in public expenditure levels largely followed changes in attitudes toward the role of the state and changes in the institutions which constrain government intervention in the economies").
Significa isto que os autores apontam as concepções económicas e ideológicas de cada momento como as responsáveis pelo ritmo do aumento quantitativo da despesa e pela evolução da sua composição qualitativa (a respeito da qual se constata uma progressiva diminuição das despesas-compra - em bens e serviços - em detrimento das denominadas despesas-transferência - grosso modo, subsídios).

Interessante é também que, em 2000, os Autores predissessem (em linha com a evolução que surpreendem a partir de finais da década de 80) que a despesa pública teria, nos Estados desenvolvidos, que inverter a sua tendência de (aparente) inexorável escalada (como sugere a famigerada Lei de Wagner). Os acontecimentos de 2008 e dos anos seguintes parecem desmentir a previsão - digo eu (graças às gigantescas ajudas que tiveram que ser prestadas, na Europa e nos EUA, ao sector financeiro) - apesar do curiosíssimo choque com as concepções economicamente hoje dominantes, que em tudo parecem querer fazer vingar a forçosa abstenção do Estado relativamente a papéis que nos habituou a desempenhar.

Em suma: uma óptima leitura (também pelo rigor da perspectiva histórica), sobretudo se enquadrada com dados relativos ao crescimento (também relativo) da dívida pública, porque a despesa, já se sabe, tem que ser financiada de algum modo.

Fica, pois, aqui a evolução da dívida portuguesa em parte do mesmo período:


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

OK Tele-SEGURO


Depois do silêncio de Agosto, que o beneficiou enormemente (na mesma medida em que lucrará de cada vez que se eclipsar), António José Seguro veio partilhar connosco, no estilo confessional que artificialmente se dedica a imprimir a tudo o que diz, que "ficaria triste se o primeiro-ministro do meu país fosse receber ordens da senhora Merkel ou do senhor Sarkozy".

Desconheço se o lamento foi proferido com beicinho e lágrima ao canto do olho. É possível.

De qualquer modo, há meia dúzia de coisas que deverão servir para descansar Seguro.
Ei-las:

1) O meu caro amigo não sabe - porque andou nos últimos anos atarefadíssimo a ouvir militantes e a preparar-se para ser líder - mas já há muito tempo que os nossos primeiros-ministros recebem ordens de Berlim e de Paris. É uma espécie de fado que descobriria um dia, caso se tornasse o nosso primeiro.

2) O seu camarada José Sócrates especializou-se, aliás, nesta área, com notáveis méritos (e assinaláveis progressos no Inglês técnico, já que o alemão e o francês são de outro tempo). Ora, se o camarada Sócrates alinhava nisto, que razão haveria para preocupações?

3) Não obstante incómodos resultantes de perdas de soberania, convém sempre lembrar que líder do PS que se preze é europeísta convicto - uma imagem que, tal como propôs no debate televisivo que teve com Francisco Assis (aquele que "fala muito bem"), deve ser mantida e reforçada com chás e cafézinhos em périplos europeus.

4) Por último, uma reflexão a registar no caderninho que exibiu a Assis e que sabemos que o acompanha sempre (registando dúvidas, propostas e anseios "dos militantes e das militantes"): não será apesar de tudo melhor que sejam os alemães e os franceses a tomar as decisões, de modo a que estraguemos o menos possível, dada a nossa incontrolável queda para a asneira? Se calhar...

De qualquer modo, o que queremos é que esteja descansado. E contente - nunca triste!

Estaremos sempre ao dispor.



Vá para fora dentro do velho império

Neste artigo da BBC News World, dá-se conta do crescente êxodo de jovens portugueses qualificados. O interessante, para lá das qualificações dos novos emigrantes, tem que ver com os destinos de eleição: Angola, Brasil e outras ex-colónias portuguesas.

Se calhar, I'm in.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Ainda Agosto...

Feitas as contas, a crise de Agosto terá custado cerca de € 2,9 biliões (ver aqui).

As bolsas mundiais caíram 7,5% entre 29 de Julho e 31 de Agosto. O Continente mais afectado foi a Europa, comme il faut.



No Arruadas, este Agosto já tinha sido anunciado há muito (ver, por exemplo, aqui). Não por nenhuma capacidade especial de vidência, mas apenas porque há evidências que não enganam.

Les jeux sont faits.