sábado, 5 de novembro de 2011

Épicos Morricone (III)

Das obras-primas de Morricone, convém também não esquecer a banda sonora do Cinema Paraíso (de Giuseppe Tornatore). Só porque é mesmo inesquecível.





sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A arte de dizer (ou "o amor das coisas belas")

Fui esmagado por esta entrevista, que tive a sorte de ver em directo.
Tantos meses depois, e não sei porquê, dei comigo, hoje, a pensar nela. Noutro golpe de sorte, consegui encontrá-la.
Ainda bem.



Bessmertny (II)

Concepções

Saiu Trichet, entrou Mário Draghi.
Segundo Draghi (ver link), não vale a pena hipotizar a saída da Grécia da zona euro, porque isso "não está no Tratado e nós não concebemos o que não está no Tratado"!

Nós não concebemos o que não está no Tratado...
É esse, precisamente, o problema.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Épicos Morricone (II)

Também é de Morricone (e de Nino Rota, habitué das bandas sonoras dos filmes de Fellini), o tema do inolvidável Padrinho:


Para não fugir à regra, também deixo aqui o cover rockeiro do tema:

Just for the record

Afinal, parece que já não há referendo na Grécia.
Parece.
É impossível, tal o nível de estultícia, afirmar alguma coisa, com algum grau de certeza, acerca da Europa, por mais de 48 horas.

Épicos Morricone (I)

A pedido de várias famílias, aqui fica, uma vez mais, o "ecstasy of gold", do magistral Ennio Morricone.
Sim, é o tal tema que tem tocado em Alvalade, antes dos jogos do Sporting, esta época.
Integra a banda sonora do lendário "o bom, o mau e o vilão".
E é o tema de abertura de todos os concertos dos Metallica, desde há vários anos.


Os Metallica, de resto, apesar de fazerem tocar sempre o tema original no início dos seus concertos, não resistiram a fazer um cover, em estilo de tributo. Também o deixo aqui. Enjoy!


 

O primeiro desenlace

Após o choque (que os mercados bolsistas - e de que maneira - também sentiram), é já tempo de olhar para o referendo grego de 4 de Dezembro com a frieza que se impõe.

O referendo - note-se - não é sobre o pacote de ajuda, o 5.º plano de austeridade no país, ou sobre o perdão parcial da dívida. Não. O referendo é - seja qual venha a ser a pergunta formulada ao povo grego - sobre a permanência no euro (e, em último termo, na UE).
Tout court - e em termos tão claros, no plano do significado relevante, que o próprio Papandreou, com o semblante de quem jogou a última cartada (o velho trunfo da fuga em frente), já o admitiu, sem subterfúgios.

Perguntar isto aos gregos, por paradoxal que pareça (a primeira reacção é deitar as mãos à cabeça, por se ter desencantado um referendo numa altura em que a celeridade de acção e a simplicidade de processos pareciam ser a chave óbvia da solução), pode porventura ser, muito inesperadamente, um primeiro desenlace, definidor de uma solução qualquer.
De facto, é já um dado assente, dada a monumental incompetência das lideranças da zona euro, que o tipo de caminho até agora percorrido leva a lugar nenhum. E continuará a levar: de tempos a tempos, assim que o pânico aperte, novas cimeiras se realizarão, novos "acordos" serão firmados e - como até agora - os mercados manter-se-ão impertubáveis, corroendo o euro e as perspectivas de solvência dos Estados-membros.
Já se percebeu que alargar o FEEF para números astronómicos (e o FEEF tem AAA para as agências de rating) ou que permitir maior raio de acção ao BCE para (em segredo ou não) comprar dívida soberana nos mercados secundários, não vai resolver o problema.
Muito simplesmente, isso tem apenas conduzido a uma lenta agonia, a um prolongar do estertor. E tem servido para colocar a nu a impotência extraordinária das lideranças da Europa actual.
O resto é conversa: de cimeira em cimeira, de plano em plano, às vezes com um par de meses pelo meio em que a pressão alivia para depois voltar sempre mais tremenda e perturbante (e cada vez mais intensa, sobre um conjunto mais alargado de Estados-membros).

Perante este estado de coisas - de absoluta e letárgica inoperância - é preciso um desenlace qualquer. Uma clarificação.

E o primeiro desenlace pode ser o referendo grego.
Tudo porque o referendo imporá qualquer coisa, decidirá (note-se a força do verbo) qualquer coisa. E, a mal ou a bem, é disto que a Europa precisa.
Pura e simplesmente, se não consegue decidir alguma coisa ou chegar a parte alguma, a Europa precisa que lhe imponham factos. E é isso que os gregos farão, dizendo, muito provavelmente, "não" ao euro.
Se disserem que "sim", aplique-se o plano, então com total e inquestionável legitimidade (e, logo por isso, com acrescida eficácia), até às últimas consequências.
Se disserem que "não", encare-se de frente o problema de ter caído o primeiro peão. Sem ambiguidades. Se o euro não sobreviver sem a Grécia, é porque não tem razão - por ser tão fraco - para existir.

Do que precisamos é, pois, de uma primeira clarificação. Que não chegaria (num prazo útil) sem o topete dos gregos.
É tempo de encarar o problema de frente. Até porque para não o fazer, são precisos, como a História ensina, grandes artistas - e não há artistas no actual panorama desolador dos líderes europeus: apenas medíocres actorzecos de uma geração falhada, iguaizinhos (salvas as diferenças de porte e dimensão) aos que, por cá, têm tomado conta do país nos últimos anos. Sem liderança, prestígio ou competência.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Acerca do desgoverno

Numa caixa de comentários a notícias do Expresso online, descobri esta preciosidade, que cito integralmente:

"Aqui há tempos havia um enigma. Como podiam os mercados deixar a Bélgica em paz quando este país tinha um défice considerável, uma dívida pública maior do que a portuguesa e, ainda por cima, estava sem governo? Entretanto, os mercados abocanharam a Irlanda e Portugal, deixaram a Itália em apuros, ameaçaram a Espanha e mostram-se capazes de rebaixar a França. E continuaram a não incomodar a Bélgica. Porquê? Bem — como explica John Lanchester num artigo da última London Review of Books —, a economia belga é das que mais cresceu na zona euro nos últimos tempos, sete vezes mais do que a economia alemã. E isto apesar de estar há dezasseis meses sem governo.

Ou melhor, corrijam essa frase. Não é “apesar” de estar sem governo. É graças — note-se, graças — a estar sem governo. Sem governo, nos tempos que correm, significa sem austeridade. Não há ninguém para implementar cortes na Bélgica, pois o governo de gestão não o pode fazer. Logo, o orçamento de há dois anos continua a aplicar-se automaticamente, o que dá uma almofada de ar à economia belga. Sem o choque contracionário que tem atacado as nossas economias da austeridade, a economia belga cresce de forma mais saudável, e ajudará a diminuir o défice e a pagar a dívida.

A Bélgica tornou-se assim num inesperado caso de estudo para a teoria anarquista. Começou por provar que era possível um país desenvolvido sobreviver sem governo. Agora sugere que é possível viver melhor sem ele".



terça-feira, 1 de novembro de 2011

One million dollar question

E se Duarte Lima fosse mostrar Maricá à Angela Merkel?

No meu bairro



Já desconfiado, fui ouvir aqui (ver link) os temas do novo álbum de Jorge Palma, "Com todo o respeito".
Os piores receios ficaram confirmados quando, à excepção de um ou outro fogacho, me deparei com uma mediocridade que teima em reinar desde o "encosta-te a mim" e tretas afins.
Dei comigo a perguntar-me porque raio insiste este homem em agarrar na guitarra quando, no piano, é absolutamente genial, como comprova o monumental "Só" (o álbum de 1991, com todas as sequelas).

Mas a quem criou isto...


...ou isto...


...tudo se perdoa.
E os génios fartam-se de errar.


PS - "Que a dependência é uma besta que dá cabo do desejo e a liberdade é uma maluca que sabe quanto vale um beijo" (no 2º tema) - provavelmente, uma das melhores tiradas da música portuguesa.



Que diabo!

É impressão minha, ou desinstalaram o João Lemos Esteves (link) do Expresso online??


A crise ameaça tirar-nos tudo.

Começo a ficar farto destes gajos

George Papandreou anunciou a realização de um referendo, na Grécia, sobre o acordo entre os países da zona euro, que reduz sensivelmente a dívida grega.

Era mesmo o que estávamos a precisar para simplificar a implementação de que o acordo carece.


 

Mamma mia!, diz Krugman


Num “post” ontem colocado no blogue que tem alojado no site do “New York Times”, o prémio Nobel da Economia mostra a curva ascendente que voltou a ser desenhada pela “yield” da dívida pública italiana a dez anos e exclama: “Mamma Mia”.
Para Krugman, a subida das taxas de juro da dívida italiana revela que o plano europeu para salvar o euro está "a desmoronar-se mais rapidamente do que eu pensava".

Krugman tem o mau hábito de ter quase sempre razão.