Nos dias que se seguirão virá a ressaca da praxe: "isto é apenas futebol". E este amor próprio de que todos se insuflaram de repente cederá caminho ao cinismo que também é nosso.
Esquecer-se-á o arrojo de Fernando Santos que, imune ao problema de gerar expectativas que o podiam perseguir depois, resolveu, desde o início, que queria apenas ganhar, abandonando o discurso miserabilista que connosco nunca resultou: "só regresso no dia 11 e vamos ganhar". Fê-lo, de resto, sem nunca resvalar para a paranóia do "eu"; falou sempre em "nós", num equilíbrio perfeito para tanta ambição.
Nem o registo contará: foi o primeiro treinador português a ganhar uma competição importante de futebol sénior para Portugal. Com Ronaldo, com Sanches, com Patrício e os demais. Mas, sobretudo, com Éder - e na altura certa, como se a lógica fosse um tubérculo.
Já sabemos que amanhã seremos iguais: com os mesmos problemas, a mesma improdutividade, o mesmo défice, a mesma dívida.
Mas se, ainda que tenha sido por um só momento, esta vitória te fez feliz, não te importes. É esse momento que conta; é esse momento que ninguém te pode roubar. E é mesmo isso que interessa, ainda que seja só futebol.
Ganhámos.