É célebre a frase "sou tão do contra que, se houver Governo, eu sou contra".
Trata-se, porém, de um lugar-comum, sedento de simpatias.
Por isso mesmo, ser verdadeiramente "do contra" é tender a defender o Governo, qualquer que ele seja - de "esquerda" ou de "direita".
Trata-se de um exercício complicado, mas que aguça o engenho. E que garante a sina de estarmos sempre em saudável minoria em tudo o que é tertúlia. Porque não há tertúlia que se preze em que não se maldiga um Governo, independentemente da respectiva cor.
É bom sinal (porque significa que há liberdade para criticar as asneiras governamentais, que são, em geral - à "esquerda" e à "direita" - mais que muitas), mas é também um indício que leva a crer que eram os romanos que tinham razão sobre nós: "povo que não se governa nem se deixa governar". Se calhar, ainda bem.