Eu tinha acabado de chegar ali e, se calhar, tinham vendido que eu era bem comportado.
A trabalhar (esse maldito vício de que sempre padeci) e no meio de uma restolhada imbecil, fiz o que sempre fizera ao longo da vida, até porque nunca tive receio de praticar "multi-tasking": enfiei uns auscultadores e deixei tocar Garbarek, na minha versão preferida do "Hasta siempre comandante". Enquanto, claro, continuava a escrever furiosamente, agora novamente concentrado.
Entretanto, mandaram alguém avisar-me, no meio daquele chinfrim de conversas pueris, que o som dos auscultadores estava alto de mais.
Sorri. E, confesso, hesitei - porque, naquele papel, era tudo ainda novo para mim.
Mas foram só uns segundos. Decidido perante o exercício do absurdo (que, desta vez, não era meu), coloquei o volume no máximo. E a coisa ficou assim, perante a minha cara, absolutamente convicta, de poucos amigos. E, decerto, perante a ignorância alheia (mais tarde revelada) de quem era Garbarek.
Nunca o "Hasta siempre" me tinha sabido tão bem. E nunca antes tinha tido tanta certeza de que as coisas me iam correr pelo melhor. E correram.