sábado, 2 de janeiro de 2016

A incerteza, Cavaco e Kasparov


Vi hoje que o Senhor Presidente da República dirigiu uma mensagem aos portugueses na qual se referia à circunstância de vivermos em tempos de "incerteza".
Se percebi bem (e confesso que não prestei excessiva atenção porque me lembrei logo do que vem a seguir), a essa "incerteza" era dada conotação nefasta.
Por mais que queira concordar, não consigo.
Mas há algum tempo que seja de certezas absolutas?
A incerteza é, de resto, um desafio que nos torna... humanos.
Em "a vida imita o xadrez" (um livro fabuloso), Kasparov referia-se à incerteza (à dúvida) como a maior das tensões criativas e, numa imagem sugestiva, ilustrava-a como o que acontece quando em qualquer teste de "multiple choice" é acrescentada a hipótese de resposta "nenhuma das anteriores".
Depois de ter ouvido Cavaco Silva dizer o que disse, fiquei, portanto, com a certeza absoluta de que grandes tempos - maus ou bons - se avizinham.
De incerteza, pois claro.
Ainda bem.