domingo, 21 de fevereiro de 2016

A persistência dos "inhos"

Há coisas que se compreendem mal.
Uma delas é a vertigem por alguns diminutivos que soam mal e que acabam como que a mascar-se a eles próprios.

Começo pelo irritante "beijinho", que nem é dos piores.
Alguém me explica a razão porque é que as pessoas não enviam beijos umas à outras? Porque é que as pessoas não dão beijos umas às outras?
Esta diminuição do ósculo está tão instituída que nem vale a pena lutar contra ela. As pessoas preferem distribuir beijos minúsculos ou, então, imagino eu, repenicados. Vá lá saber-se porquê.
O que é certo é que, de cada vez que me enviam um "beijinho", receio pela sanidade das coisas. Mas enfim.

Dentro dos múltiplos exemplos citáveis, segue-se o do inefável "cafezinho".
Há incontáveis mortais que dependem de vários cafezinhos diários. Não querem beber um café; querem um "cafezinho"... Porquê?
Mais extraordinário ainda é pedirem, por vezes, um "cafezinho"... "cheio"! A contradição é, então, total e o vício resvalou para o insanável. Mau é que o "cafezinho" não é suficientemente abundante para que se afoguem nele.

Mas talvez o mais irritante seja o malfadado hábito de pedir a "continha".
A turba alambaza-se até não poder mais e, a seguir, de barriga cheia, pede a "continha" com meio sorriso mal amanhado. A coisa piora quando a conta é substancial: deixa de perceber-se, em definitivo, porque é que a conta é tratada por "continha" - será desdém?

Quem perceber isto que explique. Desde já... obrigadinho!