terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O futuro do centro

Há coisas que, de facto, não percebo. E o problema deve ser meu.
Uma delas é a tão propalada morte do "centro" político em Portugal (como começou por dizer Pacheco Pereira), com a inusitada crispação entre "esquerda" e "direita".
Porque chegou ao poder, a "esquerda" aquieta-se; porque foi desinstalada do poder, a "direita" encrespa-se, azeda e assanha-se.
Até aqui tudo bem. Só impressiona que esta "direita" não perceba o efeito contraproducente, para si, do fenómeno.

Mas o futuro da razão política está no "centro" (ao qual teimo em pertencer), por mais apelativa que seja a dicotomia "esquerda"-"direita" (e é). Sobretudo no século XXI: há coisas de "esquerda" que valem a pena; há coisas da "direita" que são imperdíveis.
O que para mim é certo é que quem tem mais hipóteses de futuramente ganhar o "centro" (agora momentaneamente desaparecido em combate) vai ser, espantosamente, Costa.
Eu esclareço: ao extremar da "direita" (que antes era "centro") a que, agora, se deixaram acantonar PSD e CDS (também com o discurso idiota e sem futuro da "falta de legitimidade"), equivale o forçoso acantonamento da "esquerda" aos radicalismos de BE e PCP. Com isto, sobra apenas uma hipótese futura de "centro" (que não é para agora): o PS de Costa - que fala com a tal "esquerda" radical (porque precisa dela para ser poder) e que, mais tarde ou mais cedo, se terá que entender com o étimo democrático (e sobretudo realista) daquela que é hoje a (nova) "direita".
Pode ser estranho, mas a lógica diz que, a despeito de tantas "manobras" (como a "direita" lhes chama), será Costa que, no futuro, terá mais hipóteses de ganhar o "centro".
Veremos.