quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

O óbito político de Marinho e Pinto

Em Setembro de 2014, numa discussão mais acesa do que devia ter sido, apostei que Marinho e Pinto não seria eleito deputado à Assembleia da República nas eleições legislativas de finais de 2015. Como nem sempre acontece, acertei.
E acertei porque era óbvio já naquela altura. E isto apesar de as eleições europeias terem ocorrido pouco tempo antes e, portanto, se viver ainda o fenómeno da consagração do resultado eleitoral de Marinho e Pinto.

E porque é que era óbvio?
Primeiro, porque as eleições europeias são campo fecundo para o voto anti-sistema. Felizmente, ainda não é propriamente a mesma coisa no que respeita a legislativas. Pode ser, mas é mais complicado: tem que se dizer alguma coisa com o mínimo de lógica e coerência.
Depois, porque Marinho foi eleito para o Parlamento Europeu pelo facto de o criticar em múltiplos aspectos. Resultado: como os tempos eram (e ainda são) de anti-europeísmo, era fácil que Marinho tivesse tido um resultado bom nas eleições europeias.

Mas nunca seria a mesma coisa em legislativas. E não foi.

Não foi porque era demasiado óbvia a demagogia popularucha e o eleitorado português costuma puni-la.
Depois, porque toda a gente percebeu que Marinho e Pinto não tem um partido: tem-se somente a ele próprio (e as legislativas são eleições para partidos).
Finalmente, porque era elementar que, apesar de ter criticado o ordenado dos deputados europeus, Marinho não estaria disponível para abdicar dele (são mais de 17.000 Euros). Logo, arranjaria maneira de não ser eleito para a AR (um deputado ganha incomparavelmente menos...). E assim foi: com a prosápia de que queria candidatar-se por Coimbra, Marinho sabia que não seria eleito aí, ao contrário das altas probabilidades de ser eleito por Lisboa (até o PAN meteu o seu cabeça de lista...).

O resultado disto é só um:
Em próximas eleições europeias, Marinho já pertencerá ao "sistema" (é deputado europeu), e não poderá falar mal de um ordenado que auferiu durante 4 anos. Acresce que, segundo consta, nada fez no Parlamento Europeu.
Em próximas legislativas, já não existirá sequer um partido de Marinho: o PNR implode à mesma velocidade com que foi feito de um projecto estritamente pessoal de poder (sem nenhuma ideia, ideologia, ou sequer proposta).

Game over, portanto. É gozar enquanto durar.
Mas pode ser que, desta vez, me engane.