domingo, 3 de abril de 2016

10 RAZÕES PARA APOIAR O ACORDO ORTOGRÁFICO

Como acho que os argumentos de quem defende o "acordo" são válidos (tenho esta mania de me esforçar por dar razão aos que sustentam o que não gosto...), resolvi presentear-me a mim próprio com uma lista de "razões" para apoiar esta empreitada.
Pode ser que resulte em mim. E que me convença, para além de ser um bom exercício de disciplina matinal.


1) O acordo é "SEXY". Há sempre alguma coisa de "sexy" (e de modernaço) na "mudança" e nas intenções semi-universalistas. Tem até uns toques de "esquerda progressista" e "politicamente correcta" (gosto, às vezes, da primeira; detesto sempre a segunda).
Volto daqui a nada: tenho que ir lavar novamente os dentes a seguir a enunciar esta primeira "razão". Estou com um sabor estranho na boca.

2) É boa ideia pôr todos os que falam a língua portuguesa a escrevê-la da mesma maneira, nem que seja à maneira "deles". 
O facto de Angola e Brasil não implementarem o acordo só nos deve dar mais força para o fazermos. Já.
Pena que isso não nos renda uns cobres extra, apesar da subserviência face à superioridade moral destes dois "países-irmãos": "irmãos", dizemos nós; "parolos" (quando falam de nós), dizem eles. Há, aliás, a vantagem de "parolo" manter a mesma grafia.
O piche angolano é, por exemplo, um bom motivo para que haja um tratamento de excepção na implementação do convénio; a exiguidade dos nossos recursos faz-nos merecer esta auto-punição imediata. O "alcatrão e penas" pode ficar para depois.

3) O "acordo" é um bocado do tipo "era boa ideia ter deixado o Eusébio, há umas décadas atrás, ir jogar para o estrangeiro". Era justo e era bonito. Sucede que, por causa do Benfica, tinha sido um barrete.
Era mais ou menos como mandar a Amália, com umas décadas de avanço, ir morar para Paris, para um apartamento do... Carlos Santos Silva.
Conclusão: apagar esta "razão".

4) O "acordo" é "chique", por ter uns laivos de multiculturalismo. Por motivos óbvios, apagar também esta "razão". E ir rapidamente trabalhar.
5) Como com o acordo ortográfico ninguém se vai entender, há uma panóplia considerável de erros ortográficos que passam a ser desculpáveis: um luxo, em momentos de crise, para que se poupe em livros!
6) Como a minha filha persiste, por enquanto (embora só com 4 anos), em não aprender cantonês e mandarim, nada como servir-lhe duas grafias diferentes desde tão tenra idade (em Macau não vigora o acordo e noutros países parece que será implementado no dia de "São Nunca" à tarde...). Pode ser que resulte. Pelo menos, é um começo...
7) Como não tem que imperar a racionalidade em tudo o que se escolhe, sou do Benfica. Porque não "ser do acordo ortográfico" também? Nahhh.. esta não cola...
8) Pôr os professores a fazerem exames de português não me parece mal de todo. E o Mário Nogueira também.
9) "A Bola" e o "Record" foram os primeiros a adoptar as regras do acordo. É um bom indício.
10) Segundo estudos recentes, consta que a má disposição prejudica a saúde e as ligações neuronais.

(O Gaitán tem o número 10; mas esta razão não pode contar porque seria a 11ª).
Em suma: boa sorte!