domingo, 13 de março de 2016

Factos são factos

José Ribeiro e Castro disse ontem, no congresso do CDS, o que é por demais evidente. Mas que, apesar de tudo, custa a entrar em cabeças politiqueiras (supostamente tacticistas...): que PSD e CDS não "ganharam" as eleições, sendo por isso a solução governativa actual perfeitamente "legítima".
Porque o aplaudo:
1) Não é verdade que Ribeiro e Castro assuma o que defende por despeito político (motivado por "afastamentos" de que haja sido alvo). A força simples dos seus argumentos torna aliás indiferente que assim fosse. Por alguma razão, o Congresso não o apupou;
2) Querer insistir no contrário é tão contraproducente como esperar que o actual governo caia com base na prosápia da "ilegitimidade" - por aqui, cairá lá para 2025!...;
3) Não tenho especial simpatia actual pelo CDS. Mas, caso pretenda ser uma qualquer espécie de "solução" política com futuro próximo (essa, sim, tão legítima como os festejos causados por BE e PCP terem acedido ao "arco da governação"), o CDS precisa de retirar do momento actual as vantagens do seu estatuto de pequeno partido, encostado, historicamente, pelo "voto útil". É o voto útil que justamente pode ter morrido (embora não de certeza...) no novo (e imprevisível) cenário político. E não se pode vituperar o voto útil às segundas, quartas e sextas, para o apoiar às terças, quintas e Sábados...;
4) Não houve nenhum "golpe de Estado": a prova é que ninguém está em pânico com o que aconteceu - nem cá, nem na Europa;
5) A estratégia política não se faz de "slogans" simplistas (ou de choradeiras persistentes) - a verdadeira (e eficaz), pelo menos;
6) Não acho as metáforas futebolísticas propriamente atraentes para a política (e Ribeiro e Castro, por comodidade, usou-as). De todo o modo, os arautos das teorias da falta de "legitimidade" deste governo fazem-me lembrar o Sporting (os meus amigos sportinguistas que me perdoem....): "só perdemos porque fomos "gamados" pelo "sistema"...". Pois...;
7) Claro que o actual governo pode cair brevemente, "encostado" por Bruxelas (e pelas fracturas que exigências europeias podem trazer à precária união PS/BE/PCP). Mas esse é um cenário contingente, falível e imprevisível. E que não terá nada a ver com faltas de "legitimidade", ou com derrotas (ou vitórias) "de secretaria" do governo de Costa. De resto, quanto mais perdurar a ladaínha da "ilegitimidade", mais fácil se torna que PS/BE/PCP encontrem razões para se manterem juntos;
Com efeito, factos são factos.
O resto é poesia, por mais respeitável que a poesia seja. E é.