domingo, 10 de julho de 2011

O calcanhar de Murdoch

O jornalismo britânico está de luto com a morte repentina de um dos mais antigos e lucrativos jornais tabloid, o News of the World (também conhecido na gíria por News of the Screws), que fechou as portas depois de 160 anos ao serviço do público inglês, sempre faminto de exagero, de apelo ao emotivo e do uso de imagens fortes na cobertura de factos jornalísticos.
O ‘News’ fechou após se ter visto envolvido num escândalo de escutas telefónicas ilegais e alegados pagamentos a polícias a troco de informação. Com as receitas publicitárias ameaçadas, com a retirada de possíveis figuras públicas como comentadores e com a voz do primeiro-ministro a pedir um inquérito púbico,  a companhia liderada por Rupert Murdoch, a News International, dona do jornal, tomou a decisão, vista por muitos como radical. A “erva daninha” não esperava, no entanto, ter os dias contados.
Rupert Murdoch tem sido temido e ao mesmo tempo invejado pela classe política britânica, que vê a posse de 4 jornais e uma rede de televisão (SKY) como um abuso de poder e uma forma de os tornar reféns dos seus desígnios. Há muito que a moral e as práticas do jornalismo tabloid britânico estão sob escrutínio, mas a gravidade das acusações feitas causou repulsa popular a uma escala não muito vista por estas bandas. Não é de espantar que este caso dê voz aos que há muito vêem os tabloids como uma força alien que há muito invadiu o mundo do jornalismo “respeitável” e “digno”, contaminando-o e ameaçando mesmo destruí-lo.
O facto mais importante que o escândalo prova é que o jornalismo não está acima da lei e que o modus operandi de alguns tabloid pode tornar-se criminoso. Não resisto a enviar uma dica de como se resolvem estas coisas por terras lusas. À falta de ideias para certas partes saírem do imbróglio, aqui vai uma lição de mestres nessa arte...


 AM