Estreio-me como ARRUACEIRO para apresentar uma leitura diferente da que o arruaceiro-mor (HDF) apresenta em relação ao novo governo.
Directo ao ponto - não pode haver estado de graça para este governo. A equipa anunciada carece de um elemento fundamental para o período que se avizinha: consequência.
A equipa que se apresenta é composta por um grupo de políticos sem experiência técnica de fundo nas matérias respectivas ou um grupo de técnicos sem experiência política. Tudo bem, nada disto seria particularmente grave se todos eles tivessem a capacidade de "fazer acontecer". O programa da Troika está desenhado; o grande desafio é executá-lo. Não são necessários grandes pensadores técnicos ou visionários políticos no muito curto prazo (no longo prazo, sim, mas isso é outra questão) - a prioridade é não ir à falência.
Assim, é preciso quem tenha energia e liderança para mover mundos e fundos para implementar o grupo assustador de iniciativas que nos espera. E, de todos os que se apresentam no elenco governativo, o único que tem um histórico de "fazer acontecer" é o novo ministro da saúde - não lhe invejo a sorte...
Todos os outros são um apanhado de feitos significativos nas áreas respectivas, mas irrelevantes à escala dos desafios que se colocam.
- O Ministro da Educação que se dedicou à divulgação da Matemática (certamente de forma brilhante, mas irrelevante como experiência para implementar processos de avaliação para 120 mil pessoas);
- Uma doutorada em Direito a tratar de agricultura, mar, etc.: certamente douta na "transmissão contratual do direito de crédito", mas sem um único elemento no seu CV que indicie ter liderado um grupo de pessoas superior ao conjunto da empregada doméstica e da secretária;
- O Ministro das Finanças apresenta inúmeras publicações num currículo relevante na sua área respectiva, mas, mais uma vez, não se lhe conhece actividade sequer comparável a controlar o que os outros 10 ministros gastam. Aproveito aqui para deixar a minha farpa: referir o BdP como exemplo de competência é altamente dúbio - nos últimos 10 anos, na única função relevante que o BdP ainda tem (supervisão bancária), apareceram um BPN e um BPP... estranho que ninguém ataque quem devia estar atento;
- O Ministro da Economia, cuja maior façanha são artigos de opinião e um blogue interessante, e que sai de uma Universidade prestigiada, mas secundária no teatro global da Economia: se queriam académicos, era preciso ir buscar os tubarões - o Sérgio Rebelo ou o Luís Cabral....
E por aqui poderia continuar. O meu ponto-chave é: tudo pessoas respeitáveis e certamente muito competentes no seu historial - mas completamente inconsequentes face à escala do nosso desafio.
Os nossos Governos com técnicos extraordinários e com políticos de carreira fazem inúmeras leis, regulamentos, portarias e decretos que são tratados de boa conceptualização, mas não "fazem acontecer". O exemplo da nota 10 dos exames no CEJ é isso mesmo: uma não-acção feita para ser tão inconsequente quanto possível. Os objectivos, metas e planos publicados em DR que, se alguém se desse ao trabalho de ler com atenção e documentar o respectivo não cumprimento, ilustram o nosso fado. É esta a nossa história. E assim continuará a ser, pela amostra que se apresenta. "Inconsequentes".
Mas deixo uma nota: espero estar enganado.
Directo ao ponto - não pode haver estado de graça para este governo. A equipa anunciada carece de um elemento fundamental para o período que se avizinha: consequência.
A equipa que se apresenta é composta por um grupo de políticos sem experiência técnica de fundo nas matérias respectivas ou um grupo de técnicos sem experiência política. Tudo bem, nada disto seria particularmente grave se todos eles tivessem a capacidade de "fazer acontecer". O programa da Troika está desenhado; o grande desafio é executá-lo. Não são necessários grandes pensadores técnicos ou visionários políticos no muito curto prazo (no longo prazo, sim, mas isso é outra questão) - a prioridade é não ir à falência.
Assim, é preciso quem tenha energia e liderança para mover mundos e fundos para implementar o grupo assustador de iniciativas que nos espera. E, de todos os que se apresentam no elenco governativo, o único que tem um histórico de "fazer acontecer" é o novo ministro da saúde - não lhe invejo a sorte...
Todos os outros são um apanhado de feitos significativos nas áreas respectivas, mas irrelevantes à escala dos desafios que se colocam.
- O Ministro da Educação que se dedicou à divulgação da Matemática (certamente de forma brilhante, mas irrelevante como experiência para implementar processos de avaliação para 120 mil pessoas);
- Uma doutorada em Direito a tratar de agricultura, mar, etc.: certamente douta na "transmissão contratual do direito de crédito", mas sem um único elemento no seu CV que indicie ter liderado um grupo de pessoas superior ao conjunto da empregada doméstica e da secretária;
- O Ministro das Finanças apresenta inúmeras publicações num currículo relevante na sua área respectiva, mas, mais uma vez, não se lhe conhece actividade sequer comparável a controlar o que os outros 10 ministros gastam. Aproveito aqui para deixar a minha farpa: referir o BdP como exemplo de competência é altamente dúbio - nos últimos 10 anos, na única função relevante que o BdP ainda tem (supervisão bancária), apareceram um BPN e um BPP... estranho que ninguém ataque quem devia estar atento;
- O Ministro da Economia, cuja maior façanha são artigos de opinião e um blogue interessante, e que sai de uma Universidade prestigiada, mas secundária no teatro global da Economia: se queriam académicos, era preciso ir buscar os tubarões - o Sérgio Rebelo ou o Luís Cabral....
E por aqui poderia continuar. O meu ponto-chave é: tudo pessoas respeitáveis e certamente muito competentes no seu historial - mas completamente inconsequentes face à escala do nosso desafio.
Os nossos Governos com técnicos extraordinários e com políticos de carreira fazem inúmeras leis, regulamentos, portarias e decretos que são tratados de boa conceptualização, mas não "fazem acontecer". O exemplo da nota 10 dos exames no CEJ é isso mesmo: uma não-acção feita para ser tão inconsequente quanto possível. Os objectivos, metas e planos publicados em DR que, se alguém se desse ao trabalho de ler com atenção e documentar o respectivo não cumprimento, ilustram o nosso fado. É esta a nossa história. E assim continuará a ser, pela amostra que se apresenta. "Inconsequentes".
Mas deixo uma nota: espero estar enganado.
JMS