Diz-se por aí (sim, é apenas um rumor e, por isso, vale o que vale) que Paulo Rangel foi convidado por Passos Coelho para ser ministro (o Expresso, na edição de amanhã, dirá o mesmo).
Rumor ou não, isto torna interessante uma certa exercitação (como agora está em voga dizer-se) de análise.
Sobretudo se for verdade, como o rumor pretende que seja, que a pasta oferecida a Paulo Rangel foi a da Educação (e Ensino Superior).
Se isto for verdade, fica à vista o que há muito se sabe: Passos Coelho respira política por todos os poros - com o que isso tem de bom e de mau.
Oferecer a Paulo Rangel o ministério da Educação colocava Passos Coelho, desde logo, na posição confortável (no interior do partido) de não lhe poder ser imputada a não formulação do convite - o facto é: Passos convidou Rangel, ponto final.
Convidou-o, claro, mas para uma pasta que Passos Coelho sabia que Rangel dificilmente aceitaria: o problema estava resolvido logo à partida. Aos mais fervorosos adeptos de Rangel não restava senão ficarem mudos e quedos.
Porém, o que faz da jogada um decalque dos manuais de táctica política é a margem de vantagem que deixava em aberto para o caso de as coisas não correrem conforme esperado.
É que se Paulo Rangel porventura aceitasse o convite, isso significaria que Passos Coelho o sujeitaria a exercer funções, em princípio durante quatro anos, num domínio em que é praticamente inevitável um brutal desgaste político (a que o prestígio acumulado por Rangel não delapidado na candidatura a líder do PSD improvavelmente sobreviveria).
Em suma: em qualquer dos casos, um tiro certeiro (e, em alguns cenários, mortal).
PS - Sim, no ARRUADAS também se comentam "não-factos".